sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Aranha é chamado de 'macaco' por torcida do Grêmio


Aranha foi chamado de "macaco" e de "preto fedido" por torcedores do Grêmio.
Aranha foi chamado de "macaco" e de "preto fedido" por torcedores do Grêmio.(Reprodução/internet)
Mais um caso de racismo envolvendo torcedores do Grêmio ocorreu na noite desta quinta-feira (28), no estádio do clube gaúcho. Durante jogo de ida da Copa do Brasil, o goleiro Aranha, do Santos, sofreu discriminação racial, sendo chamado de “macaco”. Uma moça foi flagrada por uma câmera de TV no momento em que ofendia o jogador. Caso isso se repita, o time do Sul pode sofrer punição com perda de pontos e multa de R$ 100 mil.
Parte da torcida do Tricolor Gaúcho que estava atrás do gol defendido pelo camisa 1 do Santos, começaram a xingar o jogador, entre outras ofensas, de “preto fedido”. O goleiro se irritou e chamou a atenção da arbitragem, que pediu para a segurança do estádio reforçar aquele setor. Bastante indignado, Aranha afirmou que essa não é a primeira vez que isso ocorre na Arena do Grêmio.
“Da outra vez que viemos jogar aqui pela Copa do Brasil (em 2013), tinha campanha contra racismo acontecendo. Não é à toa. Sei que torcida pegar no pé é normal, mas começaram a me chamar de 'preto fedido', a gritar 'cambada de preto'. Fiquei nervoso, mas me segurei. Mas aí começou coro de 'macaco', eles ficaram imitando o animao. Fizeram rapidinho, para não dar tempo de filmar. Fico nervoso com essas coisas”, disse o goleiro.
Alguns torcedores se defenderam da acusação dizendo que o arqueiro santista havia os ofendido antes. Aranha negou e disse que apenas respondeu ao ato racista vindo da arquibancada. “Vieram falar que eu estava insultando a torcida. Quando me chamaram de preto, de macaco, essas coisas, eu virei para eles, bati no braço e disse: Sou preto, sim. Sou negão sim. Se isso é insultar, eu não sei. Todo mundo que vem jogar aqui sabe. Não são todos, mas sempre tem alguns racistas aí no meio”, explicou o camisa 1.
Flagrante e possível punição
Uma câmera de TV do canal Espn Brasil flagou o momento exato em que uma torcedora do Grêmio xinga o goleiro do Peixe (como é conhecido o Santos) de macaco. A diretoria do santista isentou o Grêmio de qualquer punição, mas disse que vai acionar a Justiça para punir os torcedores racistas.
“É um bando de torcedores e uma torcedora, aparece uma leitura labial perfeita, do termo macaco. Tivemos uma conversa com o pessoal da comunicação. Vamos falar com o pessoal do jurídico. Vamos pedir manifestação dos tribunais. E que busquem a punição dessas pessoas", disse Odílio Rodrigues, presidente do clube paulista.
Outro que se manifestou com tristeza e repúdio sobre o episódio foi o gerente de futebol do Santos, Zinho. “Dentro do vestiário estávamos muito tristes, indignados com a atitude dessa torcedora, que não cabe mais no futebol, no mundo ou na vida. Está detectada a pessoa, vi as imagens, eu mesmo assisti, e acho que essa pessoa vai ter que responder sobre essa atitude racista dela”, disse o ex-jogador.
O Grêmio poderá sofrer punição prevista no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O que varia de uma simples multa até a exclusão do campeonato, o que é quase impossível. Dependerá de quanto a agremiação do Sul se desvincular dos torcedores envolvidos no caso.
O código prevê a punição por atos discriminatórios pelo artigo 243-G. Pela leitura do texto, fica claro que punição prevista para atos racistas de torcedores é a multa entre R$ 100,00 e R$ 100 mil. Perda de pontos e exclusão do campeonato são usados quando pessoas vinculadas a uma entidade esportiva são responsáveis pela discriminação. Em geral, isso se aplicaria a jogadores, comissão técnica e dirigentes.
Caso se repete na Arena do Grêmio
Como o goleiro Aranha afirmou assim que deixava o gramado do estádio gremista, o ato de racismo que sofreu, não é o primeiro que acontece no local. Em um Grenal (maior clássico gaúcho) disputado este ano na Arena do Grêmio, o zagueiro Paulão do Internacional sofreu discriminação racial de um torcedor do Tricolor.
Ao deixar o campo da Arena do Grêmio após a vitória do Inter por 2 a 1 na primeira partida da final do Gauchão de 2014, o defensor viu um torcedor imitar um macaco, fazendo ofensas racistas das cadeiras do estádio. Prontamente, o zagueiro partiu pra briga com o aficionado rival, que fugiu evitando “encarar” o jogador. Paulão não registrou queixa e o caso gerou multa de R$ 80 mil ao Grêmio.
Uol

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