domingo, 17 de janeiro de 2021

Associação de medicina rechaça “tratamento precoce” contra covid-19: “única prevenção é a vacina”

Associação de medicina rechaça “tratamento precoce” contra covid-19: “única prevenção é a vacina”

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As últimas semanas foram nada menos do que intensas na Associação Médica Brasileira (AMB). Demandada como nunca em meio à pandemia e cenas de terror como as vistas em Manaus, a entidade que representa a classe médica no Brasil acaba ainda de eleger uma nova diretoria, que tomou posse há uma semana.

A vitória foi da chapa de oposição, que teve mais de 60% dos votos. Reflexo dos debates que tomaram conta da comunidade médica durante a pandemia. Desde a explosão do coronavírus no Brasil, a AMB, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e outras organizações médicas têm sido cobradas a pressionar o poder público por ações mais incisivas no combate à covid-19 e em defesa dos profissionais na linha de frente. Na outra ponta, as entidades têm evitado se posicionar abertamente.

Fundada em 1951 e a segunda maior associação médica das Américas, a AMB tem assento no CFM e em outras organizações da área, além de interlocução junto aos órgãos públicos. Falando à EXAME após tomar posse e uma segunda vez para comentar os desdobramentos em Manaus, o novo presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, diz que a nova gestão será mais ativa e irá se pronunciar “com base na ciência”. “Se a AMB se omitiu em tempos anteriores, não se omitirá mais”, diz.

Sem citar governantes específicos, Fernandes criticou a falta de unidade no discurso das autoridades, defendeu a vacinação e disse que não há por ora embasamento científico para tratamentos preventivos contra a covid-19 — alguns, como a cloroquina ou ivermectina, defendidos pelo Ministério da Saúde. “Como voz dos médicos do Brasil, vamos cobrar com toda ênfase para que se pare com esse discurso, com questões ideológicas, com alternativas de tratamento que não se sustentam.” Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Como o senhor e a AMB veem a tragédia acontecendo em Manaus? A associação pretende tomar alguma medida nessa frente?

Essa situação em Manaus é inclassificável, inaceitável, é uma tragédia daquelas que a gente não consegue entender como ela acontece. Certamente, os responsáveis são os gestores de saúde pública de todas as esferas, municipais, estaduais, e o governo federal. Por não terem previsto que as coisas poderiam caminhar por onde estão caminhando. Nossa proposta é de cobrança, de que se pare com discurso e de que se atue rapidamente.

O que precisaria ser feito?

Não é exportando paciente para outros estados que vai se resolver o problema. O governo tem de colocar em prática sua expertise, fazer hospitais de campanha, levar insumos, o que for necessário. Temos médicos oxigenando pacientes com equipamento manual, a situação é calamitosa. Pedimos medidas efetivas. Como voz dos médicos do Brasil, vamos cobrar com toda ênfase para que se pare com esse discurso, com questões ideológicas, com alternativas de tratamento que não se sustentam. Temos de atender a população. A única medida preventiva que existe é a vacina. Não tem tratamento precoce. Existem remédios úteis, corticoides, anticoagulantes, mas para pacientes que já têm grave comprometimento respiratório. Todas as demais alternativas não são revestidas das melhores evidências de eficácia. Não podemos ser levianos em sugerir isso agora.

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