sábado, 4 de junho de 2016

Comando da PM pede devolução de capitão após críticas a delegados


O Comando Geral da Polícia Militar pediu a devolução do capitão Styvenson Valentim aos quadros da instituição. Styvenson estava cedido para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) onde coordenava a Lei Seca. De acordo com o coronel Dancleiton Pereira Leite, comandante geral da PM, o pedido foi feito após o capitão criticar a atuação de delegados de Polícia Civil no estado. Em um áudio que circulou no Whatsapp o capitão afirmou que "policial civil ganha muito bem para não fazer nada. Delegado ganha 23 mil reais para não fazer nada".

O comandante geral da PM explicou que as críticas criaram um clima instável entre o capitão Styvenson e a Polícia Civil. "As operações da Lei Seca geralmente terminam na delegacia de polícia e as declarações dele criaram um clima ruim, mesmo ele tendo se retratado. Por isso achamos prudente evitar esse contato dele com a Polícia Civil. Entendemos que essa é a melhor atitude, inclusive, para preservá-lo", disse.
O G1 entrou em contato com o capitão Styvenson Valentim. Por telefone, ele afirmou que é subordinado ao comando da PM e o que for decidido pelo comandante será feito. "Estou cedido ao Detran, mas fiz concurso para a Polícia Militar. Não cabe a mim julgar a decisão, cabe a mim aceitar", disse. O pedido de devolução do capitão aos quadros da Pm foi protocolado na Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) nesta sexta-feira (3), segundo a assessoria. A decisão de devolver ou não o servidor é do titular da pasta, general Ronaldo Lundgren. De acordo com a assessoria, o secretário vai avaliar o pedido e ainda não tem nenhum posicionamento. Ainda segundo a assessoria da Sesed, não há prazo máximo para a solicitação ser respondida.

Declarações
A declaração do capitão Styvenson Valentim em relação ao delegados está em um áudio de quase dois minutos que vazou de um grupo de WhatsApp no último sábado (28). Nela, Styvenson fala com uma mulher sobre como proceder após ela ter se envolvido numa determinada ocorrência de trânsito. “Policial civil ganha muito bem para não fazer nada. Delegado ganha 23 mil reais para não fazer nada", disse o capitão.

Em nota, o Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública do RN (Sinpol/RN) disse que a declaração do capitão “é despropositada e, principalmente, desrespeitosa para com uma categoria que tanto faz pela segurança pública do Rio Grande do Norte”. E que “ao contrário do que pensa e declara o capitão Styvenson, os policiais civis trabalham duro diariamente, mesmo sem muitas vezes disporem de condições e estrutura adequada”.
Já a Associação dos Delegados de Polícia Civil do Rio Grande do Norte (Adepol/RN), disse que “o referido oficial desqualifica, afronta e agride a categoria e a instituição Polícia Civil”, e que “o capitão Styvenson atacou, de forma grosseira, a honra de uma categoria que é reconhecida pela sociedade potiguar pelo seu profissionalismo e comprometimento, atributos que devem ser preservados, sob pena de comprometer a própria ordem pública”. Ainda de acordo com a associação, “generalizar e colocar na vala comum todos os integrantes de uma instituição é uma medida arrogante e presunçosa (ver nota completa abaixo)”.
Após a repercussão do caso, o capitão também emitiu nota pedindo desculpas à Polícia Civil do estado. "Admito toda minha intempestividade ao generalizar a minha insatisfação a todos os policiais civis, mais específico aos delegados civis. Reconheço a minha explosão emotiva por buscar um serviço público melhor, e por isso, aos policiais civis que de fato trabalham e honram o cargo, minhas sinceras desculpas por ter colocado os senhores nos rol dos funcionários públicos preguiçosos, dos parasitas, e que todos sabem que existem. Aos delegados que me acompanharam durante inúmeras operações da Lei Seca, queria lembrar nome de todos, mas só recordo dos delegados Daniel e Montanha, seus agentes e escrivães. Aos outros profissionais delegados e agentes, que sempre nos atenderam não por amizade, nem por aliança corporativista, e sim pelo profissionalismo e cumprir sua função, o meu respeitoso perdão. Generalizar foi meu grande erro. Também peço desculpas a todos pela forma grosseira de como me referi ao meu País. Mas, não retiro uma vírgula sobre o que falei sobre alguns funcionários públicos, que recebem, alguns muito bem, e nada fazem pelo cidadão, pelo contrário, apenas apontam o dedo para quem trabalha por um país melhor".

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