sábado, 16 de abril de 2016

NEM TUDO É FÁCIL


É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada.
É difícil ser fiel, assim como é fácil se aventurar.
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que
sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas…
É difícil pedir perdão?
Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o…
É difícil perdoar?
Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga…
É difícil se abrir?
Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça…
É difícil ouvir certas coisas?
Mas quem disse que é fácil ouvir você?!
Se alguém te ama, ame-o…
É difícil entregar-se?
Mas quem disse que é fácil ser feliz?!
Nem tudo é fácil na vida…
Mas, com certeza, nada é impossível…
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos estes desejos realidade!

(Cecília Meireles)

É preciso agradecer! Já estava mesmo até passando um pouco da hora, é bem verdade. Com essa consciência do dever de assumir publicamente esse meu ato, ainda que num tempo-espaço de quase um mês de distância do 17/03, o faço no aqui-agora. Não por acaso o faço reportando-me às palavras da arte (arte-vida). Mas prometo tentar ser breve e objetivo.
São palavras de uma poetisa que ganham meu acento aqui e que, de algum modo, ajudam a refletir e a refratar um pouco de uma parte essencial de minha trajetória. Com essa poesia, Cecília nos leva para muitos lugares, nos faz pensar em muitas questões do humano do homem e nos interroga sobre nossos atos, gestos, sentimentos, pensamentos... sobre a vida. De alguma forma, tudo isso aparece no “filme” que momentos de “acabamentos” provisórios de nossa vida, como esse de um doutoramento, acabam por evocar. Nesse “filme”, encontro, portanto, nas palavras de Cecília, uma voz para expressar algo que penso poder resumir bem alguns (não todos, evidentemente) significados/sentidos e aprendizados (lições!) desse momento: “Nem tudo é fácil!”, “Mas, com certeza, nada é impossível” e “Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos”. Tudo isso me inspirou e me deu oxigênio para desafiar os obstáculos que se apresentam ao longo de todo esse percurso, sobretudo para quem, como eu (e sabemos que são muitos assim), não nasceu “em berço esplêndido”, é filho de pais agricultores, estudou sempre em escola pública e viveu, na maior parte do tempo, na zona rural, e, portanto, sem acesso a muitos bens culturais e às possibilidades que o mundo da tecnologia tem viabilizado hoje! Por isso, esse é um momento tanto de agradecimento a todos e a cada um daqueles (família, amigos, professores da educação básica, do ensino superior e da pós-graduação, colegas de sala de aula e de trabalho, conhecidos do mundo das redes sociais...) que passaram, estiveram e estão presentes na memória dessa minha trajetória de formação (sem separar escola e vida, porque não vejo como fazer isso) pessoal-profissional, como de reflexão sobre o ser que fui e que sou hoje (espero que um ser melhor: mais compreensivo, mais humano, mais consciente, mais justo...) e de fazer pensar no papel transformador e REVOLUCIONÁRIO da EDUCAÇÃO, como o grande Paulo Freire assumia. 
Não vou citar nomes, porque “não é fácil agradecer”, como expressa Cecília, até porque não quero ser injusto (se é que isso é possível, mas assumo o risco dessa opção) deixando alguém de lado. Estou consciente de que, como na arte, na vida temos “personagens principais” e “personagens coadjuvantes” (entre outros que ficam pelo meio termo), mas, certamente, cada uma delas com uma parte não menos importante na narrativa (que alguns amigos, em seus depoimentos, me fizerem relembrar. Saibam que me tocaram profundamente! Redescobri um pouco de mim nas palavras de vocês) de minha vida, a quem quero agradecer indistintamente.

Recebam meu gesto de agradecimento e meu forte e afetuoso abraço,
Cezinaldo Bessa

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