O Rio Grande do Norte teve aumento de 55% no número de mortes em decorrência do câncer mama ao longo da última década, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre 2010 e 2017, de acordo com os registros oficiais, foram 1.697 óbitos relacionados com a doença.
O levantamento aponta para uma média de 17 mortes por mês. Em 2010, foi registrada a mortandade de 167 pessoas. Cinco anos depois, o número saltou para 229. No último balanço fornecido pelo Ministério da Saúde, de 2017, a marca apontou para 259 falecimentos. Em 2018, com dados preliminares da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap), 188 mulheres morreram em razão do câncer de mama.
O câncer de mama é o segundo tipo que mais acomete as brasileiras, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A entidade estima que serão 800 novos casos da doença no Rio Grande do Norte até o final do ano. De acordo com essas projeções, 50% dos novos casos serão diagnosticados em estágio avançado, o que dificulta a possibilidade da cura.
“Câncer é uma doença que ainda ninguém sabe totalmente o que é. É uma doença de uma evolução imprevisível. E a chance que todos nós temos é o diagnóstico precoce. Ou seja, quanto mais cedo diagnosticado, maior a chance de você curar”, diz Maciel Matias, mastologista da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, em entrevista ao programa “Agora é Show”, da Agora FM (97,9).
Segundo dados do Inca, as mulheres rastreadas pela mamografia e pelo exame clínico, na faixa etária entre 50 e 69 anos, há uma redução da mortalidade em torno de 15%. As análises quanto aos benefícios do uso de mamografia demonstram que há uma redução de cerca de 30% da mortalidade em mulheres acima de 50 anos, após 7 a 9 anos da implementação das ações. O intervalo ótimo de rastreamento é controverso, mas a maior parte das recomendações (USA e Canadá) é para a realização de exames bianuais.
O diagnóstico tardio pode estar relacionado com a dificuldade de acesso da população feminina aos serviços e programas de saúde. No Rio Grande do Norte o número de mamografias necessárias para uma cobertura de 100% das mulheres dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS) deveria ser de 140 mil por ano. No entanto, de acordo dados do Ministério da Saúde, foram realizados 45.760 exames entre os meses de janeiro a agosto de 2019, o que representa 32,69% da demanda necessária.
A principal ferramenta de diagnósticos da doença é a mamografia, assevera o médico Maciel Matias. Atualmente, o Rio Grande do Norte conta com 27 serviços de mamografia credenciados ao SUS. Há 22 mamógrafos de comando simples (para o exame preventivo e diagnóstico precoce do câncer de mama) e 5 mamógrafos com estereotaxia (que identifica a posição exata do tumor).
Os equipamentos estão distribuídos em 12 municípios potiguares. Natal conta com o maior número de mamógrafos credenciados: cinco de comando simples e dois com estereotaxia.
De acordo com o Ministério da Saúde, o parâmetro é de que exista um mamógrafo para cada 240 mil habitantes. Utilizando este critério, com os 27 equipamentos, o Rio Grande do Norte está acima dos critérios para a prestação de serviço.
O médico mastologista Maciel Matias ressalta que as mulheres precisam dar maior atenção ao autoexame, quando se busca a ocorrência de nódulos nas mamas. Segundo o especialista, a dor só é sentida quando a lesão se aproxima de algum nervo. “Esse é o grande problema da procura do médico. Você geralmente só vai ao médico quando sente dor ou quando sangra. Câncer na fase inicial, em qualquer local, nem dói nem sangra”, explica.
Na fase inicial da doença, as células malignas se multiplicam, e acaba evoluindo silenciosamente, mas quando atinge uma dimensão grande é quando começa a doer. “Um câncer de mama quando atinge um centímetro de tamanho, que é a ocasião em que ele se torna palpável, tem um bilhão de células. Se um tumor possui cinco centímetros, que é como a maioria dos casos chega ao médico, e já está em estágio avançado. Quando isso acontece, a chance de cura é cada vez menor”, aponta ele.
O câncer de mama atinge mulheres de qualquer idade, porém, sua maior incidência é dos 50 aos 70 anos. Portanto, essa faixa deve ter um controle mais próximo. O ideal é realizar a mamografia anualmente, e também o autoexame, composto pelo toque. “Tem que se palpar, tem que se conhecer. Quando ela encontra algo diferente não significa que seja câncer, mas ela precisa esclarecer e procurar um médico. Diante disso, se ela não encontra nada diferente, ela faz o seu controle periódico”, recomenda Maciel.
O mastologista também aconselha as mulheres abaixo dessa idade, que fazem parte dos grupos de risco (caso na família, por exemplo), a começar a partir dos 40 anos. Se houver um caso familiar de primeiro grau, seja mãe, filha, ou irmã, o exame deve começar aos 35 anos. Embora os homens sejam minoria nos casos de câncer de mama, os cuidados são os mesmos.
Critérios de risco
O álcool é apontado como um item agressivo que aumenta o risco de ter câncer. “Mas não é um risco isolado. Você soma a outros fatores de risco, o mais gritante é o histórico familiar”, diz Maciel. O cigarro também é um item que pode prejudicar, não apenas para o câncer de mama, mas também outros tipos de câncer. “O fumo obstrui os microvasos e microcirculações, que é onde você tem a maior necessidade de ter sangue para cicatrizar”, explica.
Uma das recomendações dadas por Maciel Matias é a atividade física. “É fundamental, porque aumenta o metabolismo do indivíduo e faz com que, acima de tudo, você extravase um pouco daquela vida estressante do dia a dia que todo mundo tem. Estresse não leva ao câncer, mas o estresse diminui a imunidade da pessoa. Se diminui a a imunidade, diminui a defesa. Então, a célula que está ali, só esperando um espaço, vai se desenvolver”, explica. “Quem é feliz, adoece pouco”, conclui.
Mortes por câncer de mama no RN
2010 167 2011 157 2012 197 2013 192 2014 243 2015 229 2016 243 2017 259 2019 800* |
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
MORTES POR CÂNCER DE MAMA NO RN CRESCERAM 55% NA ÚLTIMA DÉCADA
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